Por que diabos Renan Calheiros quis a presidência do Senado?

O preço da arrogância

Por que diabos Renan Calheiros quis a presidência do Senado?

As eleições para a presidência da mesa da Câmara Federal, no último dia 4 de fevereiro, seguiram a mesma lógica do pleito para o mesmo cargo no Senado. Henrique Eduardo Alves foi eleito, assim como Renan Calheiros. Nos dois casos, uma verdadeira lavada.
Mas, apesar do malho geral, alguém duvidava dessas duas eleições?

No fundo, no fundo, ninguém apostou um tostão nos adversários de Henrique e Renan. E por quê? A razão é simples: nos últimos meses, o Congresso Nacional parece viver num outro país. Apesar de sufragado pela sociedade, as ações de deputados e senadores refletem uma vontade própria, muito distante da vontade dos eleitores.

O Brasil tem uma democracia jovem. Os militares ceifaram a democracia do país durante 21 anos. Mesmo assim, durante o regime de exceção, o Congresso esteve aberto. Aliás, de 1830 para cá, mesmo com alguns solavancos, o Parlamento só ficou fechado no início do governo de Getúlio Vargas, de 1930 a 1934. Apesar das amarras da ditadura, deputados e senadores continuaram a ser eleitos sob jugo militar.

Portanto, não se pode dizer que o povo brasileiro ainda está aprendendo a votar em seus representantes legislativos. Mas, desde o tempo da política café com leite, quando os estados de São Paulo e Minas Gerais se revezavam na presidência e Getúlio era deputado federal pelo Rio Grande do Sul, o Congresso já abrigava espertalhões.

Após o golpe de 64, contudo, o nível dos deputados e senadores, inflado pela oposição, subiu. Infelizmente, após as eleições de 1986, ocorreu o inverso. O país, imerso na democracia, afrouxou o critério usado para eleger seus parlamentares. E o Congresso passou a lidar com outra realidade – a de abrigar representantes que atuavam para representar outros interesses que não o do povo.

Ao contrário do que se ouve frequentemente, a classe política não deve ser execrada, apesar dos inúmeros exemplos negativos. A opção à não-existência de políticos é a ditadura. E, para o bem dos jovens que não viveram sob o regime de exceção e não sabem o que é respirar sem liberdade, essa alternativa não pode nem ser cogitada.
Do jeito que está, contudo, não pode ficar. E as maçãs podres precisam ser retiradas do saco. Vivemos uma época em que as redes sociais e a internet acabaram com o anonimato dos astutos de má índole. Essa vantagem precisa ser utilizada para melhorar o nível do Congresso. É preciso usar esses instrumentos para criar uma onda cívica, e não apenas para achincalhar Henrique Alves, Renan Calheiros e companhia.

Se eles não servem, não deveriam nem ter sido eleitos. Por isso, nas próximas eleições, é urgente criar uma corrente para renovar drasticamente o Parlamento.

Enquanto isso não acontece, fica uma pergunta: por que Renan Calheiros fez tanta questão de concorrer à presidência do Senado? Renan não seria ingênuo de achar que sua candidatura seria aceita sem gritaria por parte da imprensa e da sociedade. Caso ficasse na bancada, sem muito alarde, muito provavelmente passaria todo seu mandato sem ser importunado por denúncias incômodas.

Mas, apesar disso, foi em frente. Qual a razão? Vaidade? Arrogância? Interesses inconfessáveis? Qualquer que seja a razão, vai custar caro. A Procuradoria Geral da República mexeu a primeira pedra e registrou uma denúncia contra o senador. Esse jogo, no entanto, ainda está longe de terminar.

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