Ameaça de morte com citação ao caso Celso Daniel sacode governo João Bosco
Ameaça de morte com citação ao caso Celso Daniel sacode governo João Bosco | ||||||
E é justamente isso que acaba de acontecer, com o fato indo parar nas páginas policiais dos principais veículos de comunicação da cidade e na Delegacia da Polícia Civil (DEPOL).
A ocorrência policial nº 0932013006255 foi registrada às 17h24 da última terça-feira (20), pelo até então assessor especial do prefeito João Bosco Bittencourt (PT), Ariomar Vieira dos Santos, que também é sócio de um site de notícias da cidade, esse que relatou uma suposta ameaça de morte feita pelo atual chefe de gabinete e secretário municipal de Administração, Marcílio Goulart, homem forte do governo municipal. A ameaça, segundo a denúncia, aconteceu por volta das 15h da mesma terça, dia 20, nas dependências da casa do próprio prefeito João Bosco.
Segundo Ariomar Vieira a ameaça teria ocorrido após o mesmo levantar e apresentar documentos com denúncias de irregularidades que estariam ocorrendo no Setor de Licitações da Prefeitura Municipal. Além de Ariomar, segundo consta na denúncia, as ameaças teriam ainda sido dirigidas a dois irmãos do denunciante, Neuzimar Vieira dos Santos, diretor do Departamento Municipal de Trânsito, e Leandro Vieira dos Santos, que também é funcionário público municipal. Os três irmãos, sócios do site Teixeira Agora, de tanto que eram vistos ao lado de João Bosco durante a campanha eleitoral, ganharam a apelido de KLB, uma referência ao grupo musical formado por Kiko, Leandro e Bruno, que chegou a fazer sucesso em todo o país.
Celso Daniel
Além das ameaças, ainda segundo consta na ocorrência policial formalizada por Ariomar Vieira, uma citação à morte do ex-prefeito Celso Daniel, também do Partido dos Trabalhadores, ocorrida no estado de São Paulo. “Que o Chefe de Gabinete lhe ameaçou dizendo: Você conhece a história de Celso Daniel, você viu o que aconteceu com ele?”. Nesse instante, segundo Ariomar, o prefeito João Bosco concordou com Marcílio e falou que “era assim mesmo que o PT resolve os problemas”. Até a manhã desta quinta-feira (22) ninguém do governo municipal tinha se manifestado sobre as acusações.
As denúncias
Entre as denúncias que teriam sido levantadas pelos irmãos Ariomar, Neuzimar e Leandro, que foram noticiadas por eles no TA, estão contratação de uma empresa que pertenceria a dois irmãos de João Bosco, além de habilitar outra sociedade empresarial (TL MENDES DUARTE TURISMO), supostamente com apresentação de documentação falsificada e com o seu representante legal, Thiago Luiz Mendes Duarte, com mandado de prisão decretado pela Justiça. A empresa venceu uma licitação de R$ 381.400,00, para prestação de serviços na área de transporte escolar. Nessa licitação ocorrida no dia 3 de julho de 2013 o Teixeira News, antes mesmo do certame acontecer, divulgou com exclusividade a cidade onde ficaria a sede da futura vencedora (Porto Seguro).
Celso Daniel, então prefeito de Santo André, na grande São Paulo, foi encontrado morto em 20 de janeiro de 2002, em uma estrada de terra de Juquitiba, após receber 11 tiros. A morte ocorreu dois dias depois de ter sido sequestrado no trajeto em uma churrascaria próxima ao município de governava.
No momento do sequestro, o ex-prefeito estava dentro de seu carro, que era blindado, acompanhado do empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, seu amigo e segurança, que dirigia o veículo. Os sequestradores fecharam o carro de Daniel com outros três veículos e levaram apenas o ex-prefeito, deixando Sombra no local. Antes de matar o ex-prefeito, os sequestradores o mantiveram em cativeiro na favela Pantanal, na divisa entre São Paulo e Diadema. O caso já foi reaberto duas vezes, investigado pelo Ministério Público, pela Polícia Civil e até pela CPI dos Bingos, em Brasília. Investigação do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) concluiu que seis pessoas participaram do crime, entre elas um menor. Para a polícia, os acusados sequestraram Daniel por engano, já que estavam planejando o crime contra outra pessoa. O Ministério Público contraria a versão policial e sustenta que a morte foi encomendada por uma quadrilha que atuava na Prefeitura de Santo André extorquindo empresários com objetivo de arrecadar dinheiro para campanhas eleitorais do PT.
Para o MP, a investigação policial foi incompleta e não apurou quem foram os mandantes do crime, que para a promotoria foi Sombra, um dos líderes do esquema.
Segundo o MP, Daniel foi morto ao perceber que o dinheiro desviado pela quadrilha também estava sendo utilizado para o enriquecimento dos integrantes, e não só para fins partidários, e decidir impor limites à atuação da quadrilha.
Pelo menos sete pessoas, entre testemunhas e outros envolvidos no crime, morreram após a morte do ex-prefeito --sete delas vítimas de homicídio. O único condenado --a 18 anos de prisão-- pela morte de Daniel foi Marcos Bispo dos Santos. O MP denunciou seis pessoas, entre empresários e secretários de governo, por participação no esquema de corrupção, mas a Justiça rejeitou as denúncias.
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