Venezuela: um exemplo para o exercício da liberdade de expressão
Venezuela: um exemplo para o exercício da liberdade de expressão
É no mínimo leviano
que um jornalista, intelectual ou qualquer pessoa que tenha estado na
Venezuela saia daqui e diga que o governo de Hugo Chávez pratica a
censura e cerceia a liberdade de imprensa.
Em menos de 10 dias, o
presidente da República convocou 2 coletivas de imprensa, abertas a
todos os veículos – comerciais, públicos, comunitários,
alternativos, imprensa sindical e dos movimentos sociais –
nacionais e internacionais.
Na coletiva desta
terça-feira, 09, o presidente reeleito afirmou: “Se alguém quiser
ver uma democracia sólida e vigorosa, venha a Venezuela. E lembrando
de uma questão feita por uma jornalista argentina do porque é tão
difícil transmitir ao mundo que aqui existe uma democracia” –
Chávez respondeu – “é a ditadura midiática”. E salientou
“sem participação popular qualquer modelo de democracia é
falso”.
Hugo Chávez disse que
recebeu uma ligação da presidente da Argentina no domingo.
“Cristina estava preocupada porque alguns meios divulgaram – sem
a menor objetividade, sem a preocupação de verificar a informação
– notícias dizendo que estava empatado o resultado das eleições
aqui. Para vocês verem, não
derrotamos só a Capriles e a oposição mas uma coalizão
internacional de muito poder”.
As emissoras de
televisão, os jornais, revistas e rádios gozam da mais ampla
liberdade de imprensa. Nas bancas de jornais, diariamente, as
manchetes dos principais veículos são de contestação do governo
bolivariano, de promoção das posições e propostas da oposição.
A própria família do candidato Henrique Capriles é proprietária
de uma cadeia de veículos e de um dos principais jornais do país, o
Últimas Notícias.
Imprensa livre, neutra
não
O processo de
radicalização política que vive a Venezuela, fruto do avanço da
revolução bolivariana, reflete-se na cobertura da mídia, que deixa
explícita suas posições – seja a favor do projeto político em
curso no país, seja contra.
Os meios de comunicação
não se escondem sob a máscara da neutralidade e imparcialidade e
isso não é um empecilho à liberdade de expressão e de imprensa,
pelo contrário, é fator de aprofundamento da consciência e forma
de permitir ao povo que construa seu próprio ponto de vista a partir
do embate político e ideológico que se estabelece publicamente.
Democratização do
espectro radioelétrico
A questão das
concessões de rádio e televisão – em particular após o governo
de Chávez não ter renovado a concessão da RCTV – é um aspecto
central para democratizar o acesso plural aos dois principais meios
de comunicação de massa – o rádio e a televisão. Como no
Brasil, o modelo de exploração do espectro radioelétrico que se
adotou na Venezuela foi o da concessão para meios privados
Desde que assumiu a presidência, o presidente Hugo Chávez e seu governo tem procurado reduzir a concentração dos meios – caracterizada pela ex-ministra das comunicações, Blanca Eekhout como um latifúndio midiático. Iniciou-se um fortalecimento dos meios comunitários e públicos, com políticas de incentivo e facilitação das outorgas.
Dados da Comissão
Nacional de Telecomunicações, mostram que em 1998 existiam 40
concessões de televisão na Venezuela. No início deste 2012 são
150 canais, sendo 75 na TV aberta e 75 canais a cabo. Dos canais com
sinal aberto, apenas quatro têm alcance nacional, outros 71 são TVs
regionais privadas, estatais ou comunitárias.
Cobertura internacional
sem barreiras
O processo eleitoral na
Venezuela contou com a presença massiva da imprensa internacional.
Números de credenciamento no CNE apontam mais de 2 mil jornalistas
estrangeiros no país.
Durante a coletiva de
imprensa com o presidente Hugo Chávez, da qual participaram mais de
160 jornalistas, o clima era de satisfação com o ambiente tranquilo
e sem restrições para o trabalho de cobertura das eleições.
A jornalista da CNN
espanhola, Patrícia Janiot, disse que em anos de cobertura eleitoral
na América Latina esta foi a primeira vez que viu uma situação tão
exemplar. “O presidente Hugo Chávez inunda o ambiente com esse
carisma. Ele teve a gentileza de me dar a oportunidade de fazer uma
pergunta que não estava pautada, teve a gentileza de se aproximar de
mim quando a coletiva terminou. Estes são sinais de que não nos
sentimos ameaçados de nenhuma maneira, e não sentimos que há
nenhuma hostilidade com a imprensa estrangeira.
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