Por que diabos Renan Calheiros quis a presidência do Senado?
O preço da arrogância
Por que diabos Renan Calheiros quis a presidência do Senado?
Mas, apesar do malho geral, alguém duvidava dessas duas eleições?
No fundo, no fundo, ninguém apostou um tostão nos adversários de Henrique e Renan. E por quê? A razão é simples: nos últimos meses, o Congresso Nacional parece viver num outro país. Apesar de sufragado pela sociedade, as ações de deputados e senadores refletem uma vontade própria, muito distante da vontade dos eleitores.
O Brasil tem uma democracia jovem. Os militares ceifaram a democracia do país durante 21 anos. Mesmo assim, durante o regime de exceção, o Congresso esteve aberto. Aliás, de 1830 para cá, mesmo com alguns solavancos, o Parlamento só ficou fechado no início do governo de Getúlio Vargas, de 1930 a 1934. Apesar das amarras da ditadura, deputados e senadores continuaram a ser eleitos sob jugo militar.
Portanto, não se pode dizer que o povo brasileiro ainda está aprendendo a votar em seus representantes legislativos. Mas, desde o tempo da política café com leite, quando os estados de São Paulo e Minas Gerais se revezavam na presidência e Getúlio era deputado federal pelo Rio Grande do Sul, o Congresso já abrigava espertalhões.
Após o golpe de 64, contudo, o nível dos deputados e senadores, inflado pela oposição, subiu. Infelizmente, após as eleições de 1986, ocorreu o inverso. O país, imerso na democracia, afrouxou o critério usado para eleger seus parlamentares. E o Congresso passou a lidar com outra realidade – a de abrigar representantes que atuavam para representar outros interesses que não o do povo.
Ao contrário do que se ouve frequentemente, a classe política não deve ser execrada, apesar dos inúmeros exemplos negativos. A opção à não-existência de políticos é a ditadura. E, para o bem dos jovens que não viveram sob o regime de exceção e não sabem o que é respirar sem liberdade, essa alternativa não pode nem ser cogitada.
Do jeito que está, contudo, não pode ficar. E as maçãs podres precisam ser retiradas do saco. Vivemos uma época em que as redes sociais e a internet acabaram com o anonimato dos astutos de má índole. Essa vantagem precisa ser utilizada para melhorar o nível do Congresso. É preciso usar esses instrumentos para criar uma onda cívica, e não apenas para achincalhar Henrique Alves, Renan Calheiros e companhia.
Se eles não servem, não deveriam nem ter sido eleitos. Por isso, nas próximas eleições, é urgente criar uma corrente para renovar drasticamente o Parlamento.
Enquanto isso não acontece, fica uma pergunta: por que Renan Calheiros fez tanta questão de concorrer à presidência do Senado? Renan não seria ingênuo de achar que sua candidatura seria aceita sem gritaria por parte da imprensa e da sociedade. Caso ficasse na bancada, sem muito alarde, muito provavelmente passaria todo seu mandato sem ser importunado por denúncias incômodas.
Mas, apesar disso, foi em frente. Qual a razão? Vaidade? Arrogância? Interesses inconfessáveis? Qualquer que seja a razão, vai custar caro. A Procuradoria Geral da República mexeu a primeira pedra e registrou uma denúncia contra o senador. Esse jogo, no entanto, ainda está longe de terminar.
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